Análise Intermediária - The Cat Lady



"The Cat Lady" não é um simples point-click repleto de enigmas e uma história clichê por trás de tudo, na verdade, é justamente o contrário! Desde o começo, o jogo já te prende à tela e te impressiona cada vez mais tratando de assuntos mais maduros, como depressão, câncer, suicídio, assassinato... E tudo isso em uma atmosfera sombria e de terror, mas também com momentos de comédia e outros de superação e esperança. É simplesmente um game incrível, se você gosta de uma trama bem explorada e que te faz continuar meditando sobre tudo mesmo depois de parar de jogar, então este título vai ser perfeito para você.



Sobre o Enredo


Como uma breve sinopse, você vai viver na pele de Susan, uma mulher solitária e sem nenhum amigo, cuja única companhia vem de seus gatos, sendo por conta disso conhecida como "cat lady" por seus vizinhos. Sem nenhum motivo aparente para continuar, ela decide colocar um ponto final em sua vida, mas mal sabia ela que isso era apenas o começo de uma grande aventura na qual ela aprenderia novas lições importantes e conheceria novas personalidades esplêndidas, recebendo uma nova chance de viver em meio ao caos, tendo que enfrentar cinco psicopatas, ou parasitas, para alcançar a recompensa final - a esperança de um novo amanhã ensolarado. É claro que a trama vai bem mais afundo do que isso, e há muitas revelações e surpresas em cada um dos sete capítulos existentes, criando uma história tão complexa e interessante, que mesmo após horas de jogo ainda vai conseguir te cativar e te deixar curioso sobre o que vem a seguir, e o que mais pode ser descoberto em um mar de mistérios.



Sobre a Jogabilidade


Não é exatamente um point click, no qual você só utiliza o mouse para passar cenas ou controlar a personagem. Na verdade, vai bem mais além: você utiliza as setas do teclado para mover Susan na direção desejada, pode interagir com objetos e pessoas, tem acesso ao inventário com itens que podem ser estrategicamente usados com o ambiente para diferentes resultados, tem acesso a um menu muito útil que o permite salvar o progresso e carregá-lo quando desejar de modo a não perder nada em caso de algum acidente. O mouse quase nem é utilizado e uma dica é que a barra de espaço pula o diálogo, se você por engano falar com alguém de forma repetida.



Sobre a Ambientação


Este é um jogo realmente voltado para o publico adulto. Eu pessoalmente não o recomendaria para menores de 16 anos, pois há cenas fortíssimas e os temas tratados podem acabar ocasionando efeitos colaterais traumatizantes aos jovens despreparados. A morte nunca é um tema fácil, ainda mais quando considerada sob a pressão de um assassino a sangue frio, ou a uma suicida miserável ou ainda como pena de morte de uma doença num estágio terminal. Devido a todo esse conteúdo obscuro, mas importante e até certo ponto realista, a atmosfera tem um ar muito sombrio, e mesmo sendo um gráfico relativamente simples, consegue dar um ou outro susto e calafrios, bem como consegue nos atingir com cenas violentas. É claro que isso não se deve apenas ao belo trabalho dos cenários e detalhes soturnos, mas também aos efeitos de sons e trilha sonora mais que plausível. Nos momentos de tensão, os sons não deixam nada a desejar (recomendável o uso de fone de ouvidos), e nos momentos mais tranquilos, as lindas músicas tocadas dão um toque de ternura.



Sobre os Personagens


Nenhuma trama seria tão bem construída sem personalidades igualmente bem trabalhadas, e isso é sem dúvidas um dos mais fortes pontos que o game possui. Você pode se sentir enganado ou traído após dar confiança a certas pessoas, pode se sentir apaixonado e próximo ao dar conversa e mostrar interesse para outras, e ainda sentir raiva e transtorno quando menos esperar. É tudo muito engenhoso e cada personagem tem sua própria voz, sim, praticamente todos os diálogos são acompanhados de vozes gravadas para uma maior imersão. E este ponto é crucial, entender o que é dito, entender o que se passa...



Outras Informações


Como dito anteriormente, o jogo é até que longo, consumindo cerca de 6-8 horas para ser concluído pela primeira vez. Depois disso ainda haverá possibilidade de você completá-lo mais vezes, pois o jogo tem muito aquilo de ação e consequência, e suas escolhas importam muito em determinadas ocasiões, podendo alterar o final conforme seus pensamentos e atitudes anteriores. Há pelo menos seis finais diferentes, e todos eles fornecem uma reflexão final sobre o direcionamento tomado durante a trama. As conquistas também exigem de completar o jogo mais de uma vez, não sendo assim tão fáceis. O jogo, embora seja rico em história, não se resume nisso e nem é um 'visual novel', ele também tem muitos enigmas e exige de muita exploração pelo cenário para encontrar objetos e entender o que fazer com eles. Eu mesmo precisei ver um guia em algumas partes, recomendo fazer o mesmo caso tenha muita dificuldade, pois às vezes um detalhe mínimo pode te impedir de prosseguir no capitulo. Isso pode ser cansativo, mas é uma característica em comum dos 'point-clicks' e vale a pena o esforço para aproveitar o enredo.




"The Cat Lady" é um dos poucos jogos que de início demonstram ser simplórios e duvidosos na qualidade, mas que no final te deixam boquiaberto e pensativo, com o desejo de conseguir de alguma maneira prosseguir com a história, com aquele típico gostinho de quero mais.  É bom deixar claro que não é um jogo de investigação ou de captura ao serial killer, mas não significa que você não vai se deparar com eles e sofrer danos por conta deles. Foi tudo muito bem pensado. Aos que não entendem inglês, acredito que haja tradução em português (não experimentei). Aos pais, mantenham seus filhos longe deste jogo. Aos medrosos, não se preocupem, não há monstros nem perseguições em um manicômio no Mount Massive. Minha dica é dar uma chance, se preparar mentalmente e aproveitar cada minuto desta incrível trama que te levará para um passeio nas profundezas de uma existência questionável no meio de lobos, abutres e corvos. Clique aqui para ver a página da loja.





Um comentário:

  1. Este é meu jogo favorito, e não é à toa. Recomendo inclusive pra pessoas com depressão ou que já tiveram isso, pois o jogo te faz pensar e ver as coisas por uma luz nova. O bom é que ele tem meio que uma sequência chamada Downfall Remake, que no caso vem do jogo Downfall, lá de 2009 mas que recebeu um tratamento especial, e conseguiu uma história digna de TCL, ainda que seja mais pra um jogo de terror psicológico mesmo do que um jogo com mensagens para vida como foi o caso de The Cat. E de quebra, ainda vai haver um terceiro jogo com previsão pra o ano que vem chamado Lorelai!

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